quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Você e eu.




Você e eu, não somos isso, somos nós.
Dois mundos, perdão pelos meus erros,
você reclama o que não sou. Eu critico o que não és,
mas do que adianta somos cúmplices, do amor que é um.



Ah como é bom em seus olhos me perder,
em sua boca deitar meus sonhos,
e encostado em você só sentir o silêncio,
silêncio seu, que completa meu viver.


Saudade me corrompe a noite,
paciência de meus ciúmes bobos,
aprendi a gostar de seus chiliques,
pois, foi aí que vi. Te Amava mais.


Dizendo eu te amo, é tudo que expressa,
esse “meu”, opa “nosso” conjugar-se.
Vendo-a novamente sei que,
vou querer abraçá-la, basta isso.


Em seus braços me perder,
porque eu, parte do nós,
em você, sou somente eu.


Eduardo Brasileiro.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Pra você mãe.


De manhã lá vem ela com um belo sorriso me dizendo para ir para a escola. Mal humorado eu levanto sem muito papo, me assento para o café e perguntando sobre o que vou fazer no dia derrama-o em minha xícara. Que conversa é essa, todos somos quietos ao acordar, cada um vivendo a gota de mau humor e a preguiça de mais um dia, sem pouca demora vou para a escola, e lá sei que se olhar para trás, ela vou encontrar, mas o que bate no meu peito é ficar distante, quero crescer, ser eu. Mesmo tudo que sou sendo dela.

Mãe quero ser poeta, quero sentir o valor de me amarem sem ao menos amar, multidões sorrindo para mim, e comigo proclamar meus ideais. De não ter um futuro desenhado há anos, mas desenhá-lo a cada instante. Mãe estou partindo quero viver e amar quem me ama, como todos aqueles em filmes, documentários, novelas são. Eles mesmos.Hoje poderia viver tudo ao meu redor, mas o distante me chama, às vezes sinto falta e da saudade me comprazo, dos tempos que jogava amarelinha na rua, tento sentir os beijos que recebia antes de ir pra a escola, e do lanche que me fazia com muito carinho. Às vezes me pergunto se os meus gritos a ela foram certos, mas viver aprisionados nos braços de quem se ama não resume uma vida, já a saudade resume aquilo que de melhor foi vivido, o “eu quero voltar”.

Chega uma hora que seus sonhos se tornam um porre, e eu, que me tornei o “EU”, quero ser só mais um, um com o sobrenome silva ou o pequeno brasileiro, gente fina. E encerrar o sonho de minha vida como na idéia de Michelangelo com a obra “pietá” , nos braços de minha mãe quero partir pois, foi lá que aprendi a sonhar.



Eduardo Brasileiro.
Foto: "Pietá" de Michelangelo(1498 e 1499)

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O Bom sacristão


O bom sacristão, vagarosamente caminhando, levando consigo um punhado de chaves que até Deus duvidara qual é qual. Olhos calmos, de tão calmos que o silêncio da igreja o tornou, sem pressa arrumando os objetos para a santa liturgia, vai proclamando entre as ave Maria as graças de uma vida de lutas e vitórias protegidas pela sua santa mãe.Da porta central até a sacristia, vai olhando humildemente ao Deus da cruz, e nele colocando preces para que seus joelhos tão cansados nunca se cansem de prostrar-se a santa Eucaristia. Passando sobre a padroeira arruma-lhe o escapulário e enfeita-a com rosas, ali com olhos fechados, pede por todos que um dia colocarão a mão e fizeram seu pedido.

Os coroinhas que vão chegando, abraça-os e faz suas brincadeira tratando como filhos que nunca pudera ter. As velas vão ascendendo e a luz que guia a humanidade, e também sua fé vão chegando novamente iluminando a igreja.
O Povo vai chegando e os “donos da vez” tomando sua posição, ele vai se escondendo no meio da grande assembléia, para ver mais uma, e especial vez que o senhor senta-se com seu servo, e vai o ensinando ser um pouquinho mais, no Mundo que ele não é nada, somente um bom sacristão, que um dia, somente deixará lembranças e saudades... pensando bem ele foi tudo no mundo que pensa que ele foi um nada.



Eduardo Brasileiro

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Diários de um profeta


Foi numa noite comum, sentado em meu pequeno sofá na avenida Paulista com meu único e fiel amigo Totó, que comecei a olhar minha vida, com olhos fraquejados pelo cansaço e destemidos por causa das dores: minha casa, minha amante, a garrafa que nunca disse tudo bem, mas me dedicou suas gotas de vida. Estou aqui na doce S. Paulo, cidade que me viu nascer e hoje me fez um nada, um lixo, um filho não querido, um esquecido.
O resto de uma minoria sem sonhos, mas uma maioria desprovida de si. As esquinas? Os encontros e desencontros dos meus sonhos. As pontes? Um cobertor que me abraça. Os homens que passam sem perceber? Irmãos que um dia me desprezaram. Mas sei que me amariam se tudo não fosse assim. Lamentações, desesperança, nada a fazer.
Às vezes, com meu carrinho de objetos, custo a passear pela cidade, carrinho este que um dia me aqueceu, divertiu, completou o momento de vidas vividas em seus apartamentos com olhares de dó, misturados com a omissão que fecha suas cortinas de seus temores. Já a cidade... Ela vai vivendo seu cotidiano, e eu sou apenas um estorvo que atrapalha o trânsito, levado em xingamentos. Esbarrando nas pessoas, não ouço nem o “desculpe”, só olhares que nem aqui estão.
Não sei se sou profeta ou, se de tanto pensar, tornei-me um ancião. Só sei que o que não fui eu nunca quero ser, pois aprendi que vivi mais do que muita gente que teve tudo que quis. Conheci a amizade verdadeira. Senti o amor sem distinção e pude fazer novas pessoas sorrirem com minhas músicas de um bêbado que diz ser “patético”.
De falta não fiz doer, tampouco do que tinha que aprender: só comecei a viver.
Eduardo Brasileiro
revisão: Tiago Cosmo

sábado, 15 de setembro de 2007

Amor da minha vida




Hei amor, não vá!
o que fez em minha mente?
A dominou e eu, escravo e amante,
sempre entregue.

Hei amor, se for saiba do que levarás
porque foi naquele dia que nos conhecemos
que eu me tornei, a sua dor e sua felicidade.
A explosão em meu coração, duvida do me sentir completo,
certeza do bem que me fazes

Você se lembra tudo que fizemos juntos?
Tarde, noite, manhãs
do “meu” e do “seu”, que se tornou nosso.

O amor que eu cobro foi só o que dei,
traga de volta, aquilo que destes um dia,
pois, amar sem você é um amor comum,
amar contigo é o amor simples e sereno
que quero só pra mim.

Mesmo você indo lembre-se...
eu ainda te amo,
eu ainda te vivo,
eu ainda te quero.
O que eu quero é viver, o amor sem condições que me destes.

Porque você sabe que somos cúmplices de uma aliança do afeto, fique ao meu lado...amor da minha vida.

.... Pour toi ma belle rouge


Eduardo Brasileiro

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Essência



O fundamental de minha substância de uma forma bem concentrada.
A minha essência, grande amante em uma constante busca. Às vezes sinto falta do que me completa, logo vou para onde me escondo, onde eu sou eu, onde o que eu serei importa do que eu estou sentindo. Minhas idéias, meus temores, meus sonhos, pequenos sonhos, que vão me fugindo com o desenhar de meus caminhos, a genialidade que corre pelas mãos e pelos diversos timbres de minha voz, são retratos do cara que sou, fechado em meu quarto com o livro na mão, no coração sonhos, pequenos sonhos e tantos ideais que carrego com o cortejo de honra do meu ego.
A Sabedoria de minha essência que me faz sofrer pela verdade do mundo. Sou o resto de uma aliança corruptível só tenho a mim mesmo em meu quarto.



Eduardo Brasileiro

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Eu Etiqueta.


Trabalho de reflexão, poema "Eu etiqueta" (Carlos Drummond de Andrade 31/10/1902 Itabira/Mg - 17/08/87 Rio de Janeiro)




Impulsionados pelo grande dilúvio de informações o homem torna-se uma etiqueta, objeto industrializado, que caminha no dia-dia trazendo aquilo que não não é. A geração que deixou o seu "eu", pelo plural que a nós foi imposto.

Outdoors ambulantes, somos anúncios do que não somos. uma "coisa" é o que nos tornamos.


Eduardo Brasileiro

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Imortais?


Até quando será imortal?
Durante quantas gerações, seu nome percorrerá pelos lábios de seus?
É difícil enxergarmos nossa insignificância, ou sendo menos dramática, nossa pequenez perante um ser maior.
Uma vida a ser vivida, nascemos sabendo nossas imperfeições, e morremos inconformados com ela. Um trágico final para quem afirma ser o dono do Mundo. A busca pelo inatingível(a Onipotência) foi o que carregou e empurrou o homem durante séculos, que nunca chegou ao domínio total, pois, sempre vinha um outro que apontava aos céus, dizendo que o maior se encontrava ali. Nos conformamos, mas mesmo assim, algo está incompleto foi quando o homem percebeu que o vazio era por outros homens, vimos que não conseguíamos nos organizar, não conseguíamos ficar em paz, não conseguíamos contentar a todos, então, ele se fechou e resolveu se realizar sozinho, e conseguiu. Criou a guerra, fez a corrupção, fez o preconceito, pois, estamos falando do Egoísmo, o método de ver só a si mesmo e ter a glória sem medidas, mas calha-nos a pergunta, até quando?
Hitler pelo seu ato desumano.
Judas pela traição maior de todas.
Leonardo da Vinci por suas obras.
Napoleão pela revolução.
Jesus pelo caminho da salvação.
Não importou serem bons ou ruins todos se tornaram imortais. Mas como eu serei imortal?Eu cidadão de bem, que trabalha de segunda a segunda, e não tenho tempo de tomar uma bebida com amigos, porque vou fazer comida para as crianças.
Ai que está. Muitos nascem mortais, outros imortais, mas a beleza da vida, está em marcá-la. E crermos que para alguém, além desses céus, somos todos eternos.



Eduardo Brasileiro