quinta-feira, 1 de maio de 2008

Caos.


Era sabado a noite, cansado da retórica de todos ao meu redor, sujo pela poluição, olhos fracos pelo efemero dolor da juventude corri para meu quarto, tranquei a porta, joguei a mochila, senti o chão gélido e macio de estar onde se pode estar, caminhei algumas lajotas que refrescavam-me, ajoelhei a frente de minha cabeceira e suspirei, e no ato de aspirar rompi meus olhos numa grande escuridão, vivi a dolorosa poesia de sentir o dobro do que o dia me passou, sussurrei a imagem para virgem Aparecida, uma prece de sabedoria e fortaleza e palpitei sobre vidas que... - Não sei.

Encostei-me na parede branca e senti meu corpo deslizar na sutil utopia de educação para uma nação, vi destruirem a inteligencia e escreverem em tarjetas de candidatos para eleições ‘relaxe e goze’, vi tambem a omissão de meus heróis abraçando meus vilões, encontrei nas conversas banalidades entretendo, mortes chocando, outras vidas nem tanto. E nas mais distantes selvas daqui eu poderia ouvir o bater de asas de um passáro, espirrei o ar poluído que voltara a ser real e o sonho sumiu. Tomei logo meu remédio e droguei minhas vias do monopólio capitalista e em cada órgão ele me roubava um dia de minha vida, tirara meu sangue por seu escravismo, tirara meu fôlego pelas dividas, cansara minhas pernas atráz de um bom almoço sussegara meus olhos na realidade que não fora tão ireal. Lavei meu rosto na água que mentem ser pura e encostei na cama esperando esse dia acabar.

Fiquei na meia luz lendo os homens que já se foram, mas estranho notei que eles sonhavam o que eu sonhara e nada aconteceu, suas últimas folhas deixaram para que nós escrevessemos mesmo que a história se repita e que não cesse este nosso bom e velho sonhar na mentira, amar na infelicidade. Pois, este caos não vai embora, mas eu minto, eu nego a sua companhia.

Eduardo Brasileiro.

Nenhum comentário: