quarta-feira, 30 de julho de 2008

Exórdio do poeta


Para cada dia, bastam seus próprios problemas,
Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
fica sempre um pouco de tudo

Esse é o tempo de partidos,
tempo de homens partidos.
Esquecidos em seus dias,
no anteparo de vossos líderes.

Todo passado trás um pouco do bom
e leva um pouco da gente,
e dos homens nostalgia,
dos sonhos o que trazem é esperança.

E no final volte ao exórdio,
o exórdio de todos,
onde somos reis de nossos sonhos.
E ninguem nunca despedaçou tal emoção.



Eduardo Brasileiro
foto: Manuel Bandeira.

domingo, 6 de julho de 2008


Odeia-se aquele que é livre,
porque perturba o descanso
das pessoas rotineiras.

O louco é insuportável,
porque vive perdido
na liberdade total.


Valter da Rosa Borges

quarta-feira, 2 de julho de 2008

De tudo, fica um pouco do tudo


Por que toda paixão desvairada em promessas do sempre, da cumplicidade, se vai como uma chuva de verão? Por que as paixões são demasiados fins, envoltos por um começo forte e abrasador?

No final, tudo é lágrima e a dor sobre saí de uma tal forma que os abismos entre céu e terra, passam a colidir-se na ingratidão por sonhos perdidos, e o tempo dilui o contato e a voz que ouviasse todo dia, a todo tempo, é memória inconstante, talvez, lacrada, num coração que tornou a oscilar pelo que já fora e pelo que tenta ser. As manias, as brincadeiras, os assuntos, os arrepios em novas aventuras, são largados numa caixa sobre a estrada da vida, mas de tudo fica um pouco e o afeto, se verdadeiro foi, permanece em um dos corredores da alma, encontrando você. E, encontrar a si mesmo, é encontrar a verdade, que mesmo indiferente ao sentimento que já existiu, um - não sei-, torna a questionar-se.

Apaixonar-se é injusto, acredito eu, é bom, leva a lugares nunca vistos e sonhos libertos de todas as amarras. É isso a paixão, tirar as amarras e voar onde os pés fogem a altura da cabeça, pois, o sorriso sincero, doce e singular, terno e arrepiante, esse sim, é a medida que encontra a aventura da vida. Mas acaba, e no inconstante sozinho está você, murmurando o amor que não vivera, contudo, onde está o amor, se não na paixão? E se de fato, de tudo fica um pouco, saiba que seu amor vai além de um só, e nos apaixonamos e nos desapaixonamos por muitos, mas o mais cândido sentimento só esteve lá uma vez, naquele seu primeiro amor, onde se entregara sem o medo de se machucar. E fora feliz, terminaste em lágrima, não sentiu ainda, ou só é memória.

Não importa somos humanos, seres apaixonantes.
Eduardo Brasileiro